sábado, 12 de julho de 2014

Resenha: The Grand Budapest Hotel

Imagem: Reprodução/Facebook Oficial The Grand Budapest Hotel

E ele fez de novo. Após o genial Moonrise Kingdom em 2012, Wes Anderson voltou em 2014 com outro filme inesquecível: The Grand Budapest Hotel (O Grande Hotel Budapeste, Reino Unido/Alemanha, 2014). Com um elenco formidável, um roteiro original e uma direção única, o cineasta apresenta na telona uma produção imperdível mais uma vez na carreira.


Tudo começa com uma jovem garota lendo um livro com o título de The Grand Budapest Hotel. Enquanto o analisa, vemos ela ler a biografia do autor e somos transportados para 1985, quando este fala sobre os acontecimentos que o levaram à escritura da obra. Depois, voltamos para algumas décadas antes, quando ele (Jude Law) conhece o homem que o inspira, Zero Mustafa (F. Murray Abraham). A partir daí, acompanhamos a aventura de um jovem Zero (Tony Revelori), garoto do lobby de um hotel, e M. Gustave (Ralph Fiennes), porteiro do estabelecimento, na década de 1930.

Trata-se de uma aventura eletrizante e hilária. Eletrizante porque a história é bastante envolvente. Temos ali uma mulher bastante rica, Madame D (uma irreconhecível Tilda Swinton), assassinada já no começo e que, em seu testamento, dá um de seus quadros ao confidente e amante Gustave. Mas não é um quadro qualquer, é “O Menino e a Maçã”, pintura valiosíssima no mundo criado por Anderson. Por causa disso, dois filhos da mulher, Jopling (Willem Dafoe) e Dmitri (Adrien Brody), vão tentar prender o recebedor da obra a todo custo, especialmente depois que ele a rouba.

Hilária porque, durante todo o filme, Anderson narra tudo de maneira cômica, com diálogos e cenas inusitados e personagens cativantes. A dupla interpretada por Fiennes e Revelori é espetacular, assim como o perigoso e cruel Jopling e a bela e doce Agatha (Saoirse Ronan), por exemplo. As cenas nas quais aparecem são ou engraçadíssimas ou assustadoras: temos uma corrida na neve emocionante, um assassinato que envolve dedos decepados, uma fuga inusitada da prisão e muito mais. Quem queria ver o lado engraçado de Fiennes, geralmente presente em intensos dramas nas telonas, é uma ótima oportunidade!

A história em si também é bem desenvolvida, portanto, é quase impossível não se envolver com aquilo tudo. Trata-se de um conto original, surpreendente e sincero. Deixando as partes, digamos, irrealistas, de lado, temos um roteiro que não tem medo de provocar espanto e mostrar o lado perverso e bondoso das pessoas. Vale lembrar que, mesmo sendo uma ficção, a película faz referências claras ao contexto histórico da década de 1930 na Europa, com a chegada do fascismo. Henckles (Edward Norton) representa esse grupo de personagens, que no fim tornam-se ainda mais sombrios e violentos.

Porém, algo que se destaca muito em The Grand Budapest Hotel é a direção sensacional de Anderson. Você não vê ali um cenário realista, mas um ambiente caricaturado e animado, o que gera bastantes risos em expectadores acostumados a ver filmes recheados de efeitos especiais e preocupados em tornar suas cenas plausíveis. Pra quem viu Moonrise Kingdom, nenhuma novidade, deixo claro. Mas em uma aventura como essa, Anderson fez muito bem ao aplicar essa característica com o cinegrafista Robert D. Yeoman; ela combinou muito bem com o roteiro.

Algo difícil de não notar é o elenco. Os nomes estelares que Anderson selecionou são vários e você até fica perdido com tantos rostos conhecidos: Bill Murray, Mathieu Amalric, Jason Schwartzman, Owen Wilson, Jeff Goldblum, Léa Seydoux e por aí vai. Mesmo com o breve tempo para aparecerem na história protagonizada por Fiennes e Revelori, o diretor soube aproveitar cada um deles – Seydoux poderia ter tido um pouco mais de participação como a misteriosa Clotilde – e lhes deu participações respeitáveis. Nessas horas que vemos a qualidade de um cineasta, pois soube administrar bem os papéis e suas influências na história e não deixou ninguém aquém de sua capacidade.

Além de ser uma história interessante, The Grand Budapest Hotel é uma aventura que conquista por ser narrada da forma única e contagiante de Wes Anderson. Você não vê uma edição como essa todos os dias, então, vale a pena assistir pra ver algo diferente do usual. Você pode assustar um pouco, mas depois que se envolve no mundo mágico do cineasta, não tem como escapar dele sem um sorriso ou encantamento.










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