Imagem: Reprodução/We Are Movie Geeks |
Robert Duvall e Robert Downey Jr. No papel, uma dupla promissora para interpretar pai e filho no drama The Judge (O Juiz, EUA, 2014). Na telona, felizmente, os dois cumpriram muito bem seus papéis e fazem do filme uma ótima oportunidade para refletir sobre família e chorar um pouco, para aqueles que são mais sensíveis. Não é um filmaço, mas definitivamente é uma produção que recomendo ser vista.
Ela conta a história de Hank Palmer (Downey Jr), um renomado advogado de defesa que precisa voltar para casa, em Indiana, após a morte da mãe, mas tem um relacionamento bastante frio com a família, especialmente o pai, o respeitado juiz Joseph Palmer (Duvall). As coisas ficam ainda mais complicadas quando, no dia em que deveria voltar para sua cidade, Chicago, o homem descobre que o pai está sendo acusado de assassinato.
Do início até o fim, o longa de David Dobkin nos conta que Hank teve uma infância feliz com os pais e os irmãos Glen (Vincent D’Onofrio) e Dale (Jeremy Strong), mas na adolescência foi um rapaz rebelde e que causou diversos problemas à família. Problemas que o afastaram dos parentes e culminaram em sua graduação como primeiro aluno de sua turma de Direito na Universidade de Northwestern e ida a Chicago, bem longe de Carninville, Indiana. Apesar da arrogância, Hank é um homem inteligente, bondoso e que tem um enorme carinho pela filha, Lauren (Emma Tremlay), e Dale, que depende de uma atenção maior das pessoas à sua volta.
Fica muito claro no roteiro como se dão essas relações entre os personagens principais e elas foram muito bem desenvolvidas na telona, com excelentes atuações. Os dois protagonistas, então, além das interpretações comoventes de Duvall e Downey Jr, conseguem passar aos expectadores todos os seus sentimentos e porque têm o conturbado relacionamento que têm. A conexão com o público é forte por isso e aqueles que são mais sensíveis, principalmente a assuntos familiares, com certeza vão precisar de lenços. Sério.
Outra coisa que gostei em The Judge foi de Dwight Dickham (Billy Bob Thorton), que no trailer parece o clássico antagonista que quer acabar com a vida de Hank e colocar seu pai na cadeia pra sempre, só que, no fundo, é um ser humano compreensível e o oposto de um monstro sem sentimentos. Ao invés de termos um desfecho previsível, somos surpreendidos com o veredicto e com a atitude do promotor. Mesmo estando ali fazendo o seu trabalho pela vítima do suposto assassinato, ele percebe os problemas entre Hank e Joseph e com base nestes age de maneira louvável. Ok, chega de spoilers.
Um detalhe que não gostei no filme diz respeito às personagens Samantha (Vera Farmiga) e Carla Powell (Leighton Meester). Apesar de serem atrizes de qualidade, os papéis delas são quase que inúteis, ou melhor, mal explorados. E a história delas com os Palmer é bem bizarra; realmente penso que não precisava daquilo que o roteiro expõe. A meu ver, os roteiristas poderiam tê-las encaixado de outra maneira. Meester, por exemplo, é uma jovem estudante de Direito que flerta com Hank e parece ser uma versão feminina dele quando tinha a idade dela. Farmiga, por sua vez, é mãe da garota e o amor de adolescência do protagonista, uma mulher independente, mas jamais vemos a personagem ter um papel, digamos, significativo na história. Pra ser sincera, do jeito que as coisas terminam, elas nem precisavam estar na ali. Perda de tempo total: nossa e do filme.
Outro ponto que não me agradou foi o fim. A forma que o diretor termina de contar a história não é clara e fica aquela pergunta: “Mas e aí, como que fica Hank com sua família e Samantha?”. Um pouco insatisfatório, esperava algo à altura de tudo o que assistimos até chegar naquele ponto. E um desfecho que deixa a desejar sempre pesa, não podemos negar.
Concluindo, o Juiz é um drama emocionante e cativante, que nos prende desde o início e cuja longa duração – cerca de 2h20 – não pesa bastante. Assim como Hank tenta descobrir se o pai é culpado ou não, você passa pela mesma situação e só conhece a verdade nas cenas finais, junto do advogado. Além disso, a identificação com a história deles pode ser intensa para muitas pessoas que assistem à película, pois o que vemos é uma relação comum entre pai e filho, passada com sinceridade pelo diretor e interpretada com louvor pelo elenco. A reflexão que fica sobre família e perdão é muito bacana. Os pontos negativos do roteiro são expressivos em determinados casos, mas não são grandes o suficiente para prejudicar o resultado final.
No começo eu não gostava, devo dizer que começa como uma história um pouco chato, então o resultado é interessante, O Juiz, é a realidade que existe entre algumas famílias, que é maior culpa, dúvida e mistério que o amor por um ente querido. Se você ainda não viu, eu recomendo-lo.
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