Imagem: Reprodução/100HDWallpapers |
O roteiro de Miller é baseado nos quadrinhos A Dame To Kill For, além de incluir a história “Just Another Saturday Night”, da compilação Booze, Broads, & Bullets, e os contos originais “The Long Bad Night” e “Nancy’s Last Dance”. Para quem viu o primeiro longa e estranhou ver a personagem Goldie (Jaime King) novamente, a explicação é que, na película deste ano, os acontecimentos de seu núcleo se passam antes de sua morte. As demais partes se passam após as da produção anterior. Além disso, aconteceram mudanças no elenco: Josh Brolin interpreta Dwight, antes interpretado por Clive Owen; Jaime Chung é Miho, antes Devon Aoki; e Dennis Haysbert substitui Michael Clarke Duncan, que faleceu em 2012.
Esclarecimentos à parte, vamos ao filme. Os personagens já conhecidos e que voltaram à telona são Dwight (Brolin), Gail (Rosario Dawson), Goldie/Wendy (Chung), Marv (Mickey Rourke), Nancy (Jessica Alba), Senator Roark (Powers Booth), Hartigan (Bruce Willis) e Manute (Haysbert). As novas caras Johnny (Joseph Gordon-Levitt), Ava (Eva Green), Joey (Ray Liotta), Kroenig (Christopher Lloyd) e uma breve aparição de Lady Gaga como uma garçonete.
No entanto, em A Dame To Kill For, os principais núcleos são os de Dwight, Nancy e Johnny. No primeiro caso, acompanhamos a história do detetive com a sedutora e perigosa Ava, uma ex-amante que lhe abandonou no passado por um homem mais rico e volta a procurá-lo. Mais uma vez, ela o coloca em apuros com seus problemas, os quais incluem um ameaçador motorista, Manute, e a polícia. No outro conto, vemos o enorme impacto que a morte de Hartigan tem na vida de Nancy, agora – quatro anos depois - uma dançarina alcoólatra e obcecada por vingança contra Roark.
Vemos também uma forte conexão entre o senador e Johnny, jovem ambicioso que vai até Sin City para se vingar dele. Até penso que essa parte em específico mereceu mais espaço e aprofundamento dos roteiristas, pois foi, na minha opinião, a mais atraente e divertida. Marv, por sua vez, abre o filme e passa por todas as histórias, afinal, é um dos personagens mais fortes da série e tem relações com quase todos os demais papéis, sejam elas breves ou longínquas. Ele não recebe uma atenção similar à do longa anterior, só que tem a presença que merece, portanto, não tenho muitas queixas a fazer.
Desde a primeira história, protagonizada por Marv, até o desfecho de Nancy, Sin City: A Dame To Kill For é um filme eletrizante. A começar pelas tramas, sempre carregadas de tensão, sensualidade, humor e violência. É difícil não se contagiar e piscar os olhos no cinema, mesmo com a previsibilidade presente nas mesmas. Se compararmos com Sin City, devo dizer que o conteúdo não é tão cativante, pois os personagens e o roteiro poderiam ter sido melhor explorados em determinados momentos, mas ele prende o expectador.
Ademais, temos uma narrativa genial, sempre envolvente, e uma fotografia espetacular. A produção foi gravada em preto e branco, assim como a anterior, e com alguns detalhes em cores mais vivas: os belos cabelos loiros de Goldie, por exemplo, os ruivos da prostituta interpretada por Juno Temple, o olho dourado de Manute ou os olhos intensamente verdes de Ava, os quais entram em destaque quando ela revela seu verdadeiro objetivo. Simplesmente um visual belíssimo. A direção de Miller e Robert Rodriguez é impecável.
Atuações? Todas de alto nível. Rourke está magnífico como Marv uma outra vez, Alba intensa como a problemática Nancy, Green com todo o seu poder francês de “femme fatale”, Booth excepcional como o cruel vilão Roark e por aí vai. Levitt traz também todo seu carisma e talento como Johnny, personagem inédito no universo dos quadrinhos e que se encaixou muito bem ali. Apesar de ter sentido a falta do enigmático Owen como Dwight, Brolin tem uma performance satisfatória.
Por outro lado, Sin City teve um desfalque essencial: um tom mais sanguinário. A principal marca do longa de 2005, ao lado da fotografia, foi a violência nos embates entre os personagens. Não que o novo não tenha, pois ele tem e muita, mas o toque de Tarantino fez falta. Você assiste ao filme como se fosse um outro qualquer de ação; o diferencial presente no anterior some aqui e isso prejudica o resultado final. Temos bastantes cabeças rolando e até um olho sendo arrancado – lembrou um pouco a cena de Oberyon em Game Of Thrones -, mas nada comparado ao doloroso desfecho de Roark Jr (Nick Stahl) em Sin City, por exemplo. Ou o de Kevin (Elijah Wood). É como se as mortes fossem apressadas demais, sem aquele banho de sangue e membros sendo arrancados; tipos de cenas que dão nojo e aflição enquanto você assiste. A conclusão da trama Nancy/Roard deixou bastante a desejar, a meu ver. Jamais teria terminado daquela maneira se Tarantino estivesse envolvido de alguma forma. Digo o mesmo em relação ao fim que Marcy (Julia Garner) teve.
A Dame To Kill For é uma boa adaptação e gostei da ousadia de Miller em adicionar duas histórias inéditas ao roteiro. De maneira geral, a película funciona muito bem e não vai decepcionar os fãs do último filme. Faltaram mais surpresas e momentos a la Tarantino, não posso negar, mas é um ótimo entretenimento.
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