sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Resenha: Frances Ha
Tenho que admitir que quando ouvi falar sobre Frances Ha, nenhum interesse despertou em mim. Título e pôster não me convenceram e eu ignorei o filme nos cinemas brasileiros. Foi depois de ver as ótimas críticas dos especialistas e do público que me senti motivada. Sim, que vergonha de mim mesma, pois nem assistir ao trailer eu assisti. Porém, o que importa é que eu finalmente conferi o longa de Noah Baumbach e adorei! Antes tarde do que nunca, certo?
Primeiramente, preciso informar que a produção é em preto e branco. Sei que isso não é algo negativo, muito pelo contrário, mas como estamos tão acostumados com filmes coloridos e somente alguns cineastas se aventuram em criar películas em preto e branco, acho bom avisar. É fato que a chegada do cinema colorido no início do século XX encantou o mundo e a indústria cinematográfica nunca mais parou de produzir longas do tipo. Como consequência, nós nos habituamos com isso. Porém, os recentes The Artist (2011) e Blancanieves (2012) são exemplos de que o preto e o branco ainda são preciosos na sétima arte e podem gerar resultados grandiosos quando bem utilizados.
Escrito por Baumbach e Greta Gerwig, Frances Ha acompanha a vida de Frances (Gerwig), uma jovem sonhadora que trabalha como aprendiz em uma companhia de dança de Nova York e leva um cotidiano feliz e divertido com Sophie (Mickey Sumner). Depois que ela termina um relacionamento – de maneira bem confusa, por sinal - e sua melhor amiga muda para Tribeca e arruma um namorado, sua rotina se transforma completamente e seus planos se frustram. Para piorar, ela se vê na busca por um lugar novo para viver e mais trabalhos para se sustentar. Eu sei, parece um dramalhão, mas não é.
O que nos conquista neste filme é a personagem principal, magistralmente interpretada por Gerwig. É muito difícil não se apaixonar pelo seu jeito irresponsável, doido, impulsivo e alegre. Mesmo sem grana, ela compra duas passagens para Paris com um cartão de crédito que recebeu pelo correio, fica lá por dois dias completamente sozinha e volta pra casa cheia de dívidas. Ou, durante um jantar com um amigo, seu cartão de crédito não funciona e ela sai correndo pela rua até encontrar um caixa, deixa o amigo no restaurante e volta após andar diversos quarteirões e ainda levar um mega tombo no meio do caminho. E, apesar de trabalhar em uma escola de dança, Frances não é, digamos, uma excelente profissional; o seu alto astral, simpatia e determinação que provavelmente a mantêm em seu emprego.
Eu gostei tanto da protagonista que fiquei torcendo o tempo todo para o roteiro lhe dar um fim feliz. Não vou revelar o que acontece, mas garanto que, nos cerca de 90 minutos do enredo, vocês vai querer a mesma coisa. A Frances é muito legal, sério! Ela pode ter um jeito meio sem noção e exagerado e realmente lhe irritar em seus vários altos e baixos, mas no fundo é uma pessoa muito boa, sincera e cheia de vida. Ao som de “Modern Love”, do David Bowie, você vai se contagiar com as cenas em que ela aparece correndo e dançando pelas ruas de Nova York.
Sei que o fato de ser em preto e branco pode desanimar alguns por causa do hábito de ver filmes coloridos, mas Frances Ha é tão gostoso, divertido e imprevisível que você nem vai ligar pra isso. Além do mais, o jeito meio bizarro e às vezes depressivo da estrela do longa combinam com o noir et blanc.
Não vou dizer que a personagem é uma espécie de Ferris Bueller, pois a repercussão de Curtindo A Vida Adoidado foi imensamente maior no mundo, mas Frances chega perto disso com seu carisma e maneira com que lida com seus problemas.
Imagem:
Reprodução/Reprodução/OKC
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