Imagem: Reprodução/CM-Life |
The Lone Ranger (O Cavaleiro Solitário, 2013) enfrentou problemas de orçamento, roteiro, tempestades no set, regravação de cenas e atrasos no cronograma de filmagens. No fim das contas, passou dos $ 225 milhões nos gastos em sua produção. A Disney e todos os envolvidos no filme devem ter respirado aliviados ao verem todo o trabalho dos últimos anos finalmente estrear nos cinemas em julho deste ano. Mas não. A crítica, que pegou no pé da película desde seu início em função dos problemas financeiros, praticamente acabou com a adaptação de uma das histórias mais populares dos Estados Unidos. Resultado? Fracasso de bilheteria e enormes prejuízos à Disney.
Bom, o que dizer sobre tudo isso? Devo admitir que não tive interesse em ver o longa desde o seu trailer, por realmente não ter me sentido motivada a conferir as aventuras de Lone Ranger (Armie Hammer) e Tonto (Johnny Depp). Vi que devia ser engraçado e ter performances excelentes do elenco - que ainda inclui Helena Bonham Carter, William Fichtner, Tom Wilkinson e Ruth Wilson - mas não me identifiquei com os personagens e acabei adiando a sessão até hoje. Depois de cerca de 150 minutos, cheguei à conclusão de que a rejeição à película foi bastante injusta.
O roteiro começa no ano de 1933, quando a famosa Golden Gate, em São Francisco, está sendo construída. Ali, acompanhamos um garoto mascarado visitar uma mostra em um parque e encontrar Tonto já bem idoso, o qual lhe conta suas aventuras passadas no oeste americano com a lenda Lone Ranger. A partir daí, conhecemos a história desses dois guerreiros, desde seu primeiro encontro em um trem, até sua transformação em heróis do velho oeste do século XIX. É uma longa jornada, reconheço, e ela pode ser um pouco cansativa na metade do caminho, mas as espetaculares cenas de ação e diálogos hilários entre os protagonistas ajudam a fazer o tempo passar. Pra sem sincera, são tantos confrontos bem feitos e eletrizantes que eu recomendo o longa somente pela sua qualidade impecável nos efeitos visuais e sonoros.
No quesito atuações, Hammer e Depp brilham como a dupla principal e estrelam conversas extremamente cômicas em praticamente todo o filme. Gore Verbinski (Piratas do Caribe) trouxe à telona algo similar às aventuras de Jack Sparrow, pois une grandes batalhas, personagens carismáticos e cenas hilárias para nos entreter. Eu realmente não vejo muita diferença entre ambas produções no quesito qualidade. Porém, na franquia temos diversos personagens inesquecíveis e cativantes e em O Cavaleiro Solitário temos apenas Tonto e Lone Ranger. Os demais não são interessantes e os que são, como Red Harrington (Carter) e o pequeno Danny Reid (Bryant Prince), têm pouquíssimo espaço na história. Os vilões também são meio chatos e mal explorados no roteiro. Com um vilão sarcástico ou aterrorizante, as coisas sempre ficam melhores, certo? Que o diga Heath Ledger e Javier Bardem!
Mas o que realmente deu errado com a mega produção da Disney, que prometia tanto? Primeiramente, as críticas terríveis da imprensa norte-americana. Verbinski, o estúdio e os atores já contavam com um certo pessimismo dos jornalistas por causa dos problemas de produção do longa, mas acho que não esperavam ser destroçados na mídia, a ponto de arruinar totalmente o esforço dos últimos anos. Depois disso foi tudo por água abaixo: péssimo desempenho nas bilheterias norte-americanas, o que afetou internacionalmente, apesar de melhores resultados na Europa e Ásia. O resultado foram cerca de $ 260 milhões no mundo todo, pouco acima do orçamento.
No entanto, não acredito que somente as críticas foram causadoras do fracasso de The Lone Ranger. Depp no elenco era um forte atrativo devido à sua popularidade e o nome do diretor também por causa de Piratas do Caribe. O problema é que eles não tinham ali uma história universal e poderosa como a de um Batman, Homem-Aranha e Superman. Eu, por exemplo, nunca tinha ouvido falar do Cavaleiro Solitário. Quando fui pesquisar sobre ele, vi que o último filme sobre o personagem é um filme para TV de 2003 que não deu certo, enquanto na televisão o programa de carne e osso durou até 1957 e a animação até 1969.
Ou seja, mesmo sendo algo vivo na memória das pessoas, não se trata de uma história muito popular com os jovens de hoje e nem uma produção que atraia uma quantidade enorme de fãs do programa antigo que renda centenas de milhões. Junte isso às críticas negativas, as quais desanimam bastante o público na hora de escolher um filme, e pronto: fracasso. Aí você vem e pergunta: por que o mesmo não aconteceu com World War Z? Bom, com Brad Pitt e cia os críticos foram mais bonzinhos e não podemos negar que os zumbis estão na moda (apesar da ficção não ser sobre mortos vivos, mas seres humanos vivos que são infectados por um vírus bizarro).
Conclusão: uma pena. The Lone Ranger traz ação de sobra e muita comédia; não é uma obra-prima do cinema pelos motivos citados nos parágrafos anteriores e pode ter, digamos, exagerado na duração e efeitos especiais, mas todos os filmes de super-heróis têm sido exagerados ultimamente. Ótimo, pois histórias de aventuras merecem, ainda mais quando é um exagero de altíssimo nível. E, convenhamos, Hammer e Depp estão sensacionais.
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