domingo, 1 de dezembro de 2013
Resenha: Upstream Color
É sempre bom ver filmes diferentes. Filmes que você não vê todos os dias, que você não encontra nos cinemas comerciais com freqüência. Temos que admitir que, à primeira vista, não são, digamos, longas fáceis de digerir, mas são produções devemos valorizar por explorarem a sétima arte de maneira original e inteligente.
Upstream Color começa com Thief (Thiago Martins), um produtor de narcóticos que droga o sistema de Kris (Amy Seimetz) com uma lombriga revestida de larva e orquídeas azuis. Pouco tempo depois, o animal é retirado de seu organismo por Sampler (Andrew Sensenig), um criador de porcos e gravador de sons. Após ter o sistema contaminado, a mulher não só é roubada pelo primeiro, como passa a ter pensamentos e atitudes bem estranhos. Além dela, Jeff (Shane Carruth) é outro que sofreu experiências traumáticas similares e ambos acabam tendo um relacionamento amoroso bastante complexo, que os leva a descobrir, aos poucos, uma explicação para a confusa vida que têm levado.
Oi, né? Isto porque eu assisti ao suspense e ainda tive que ler uma explicação depois para compreender melhor o roteiro de Carruth. Escrever sobre Upstream Color depois de uma longa reflexão e pesquisa facilita as coisas um pouco pra você que ainda não o assistiu, pois entender tudo que se passa enquanto o vê pela primeira vez é uma tarefa árdua. Eu, particularmente, adoro filmes difíceis de digerir, que nos desafiam a compreender o que se passa na telona e com os personagens. Quando os créditos começam a rolar, você pensa “Nossa, detestei esse filme” ou “Não entendi nada”, mas antes de criticar severamente a produção, é preciso deixar passar um tempo pra organizar as ideias melhor na cabeça e tentar entender a história. Foi o que eu fiz.
Ademais do roteiro bizarro, o segundo longa da carreira de Carruth é filmado de uma maneira não menos complicada. O diretor passa por diversos tipos de cenários a cada instante, sendo que algumas vezes nos mostra uma mesma cena em dois locais diferentes. Nessas horas nos questionamos: qual a realidade e qual a imaginação? Onde que realmente aconteceu aquela ação? A maneira com que o enredo é desenvolvido também exige bastante atenção, principalmente nos comportamentos dos protagonistas. Os diálogos são importantes, mas o filme é praticamente narrado através de imagens; é possível compreender a história se você ver os detalhes das cenas.
Apesar de ser original, ter ótimas atuações e personagens bem construídos, Upstream Color não é um filme pra qualquer um. Se você não gosta de cinema experimental e não tem a cabeça aberta para películas diferentes do formato hollywoodiano que enche nossos cinemas, tem grandes chances de ter uma reação negativa ao longa. Eu, por exemplo, fiquei um bom tempo absorvendo o filme depois que ele terminou e fico feliz em ter feito isso porque, senão, teria feito uma crítica bem ruim simplesmente porque não ficou claro para mim a organização de informações da narrativa.
Mas, convenhamos, nem todo longa precisa ser de fácil compreensão, certo? No fim, as conexões entre is personagens são esclarecidas e as peças do quebra-cabeça se encaixam. Afinal, um bom mistério só é revelado no desfecho e não antes do mesmo.
http://www.youtube.com/watch?v=5U9KmAlrEXU
Imagem:
Reprodução/Film Captures
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário