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Delicioso em todos os sentidos. Chef (Chef, EUA, 2014) é uma comédia que conquista o público com sua divertida história sobre um talentoso chef que recomeça do zero após sair do emprego que tinha há vários anos. O sexto filme de Jon Favreau vale seu tempo e dinheiro por diversos motivos: protagonistas sinceros e carismáticos, culinária de primeira e um enredo cativante.
Carl Casper (Favreau) trabalha em um famoso restaurante de Los Angeles, cujo dono é Riva (Dustin Hoffman). Lá, ele tem liberdade para criar o que quiser, mas, em função da visita de um ferrenho blogueiro ao estabelecimento, ele recebe ordens de apresentar um menu de clássicos, sem nada original. Como decorrência disso, o crítico acaba com o local, o que desencadeia numa série de acontecimentos que levam ao pedido de demissão de Casper. Ele fica sem rumo por um tempo, só que com a ajuda da ex-mulher Inez (Sofía Vergara) ele começa em Miami um negócio em um trailer de comida e isso muda toda sua vida.
Já fazia um bom tempo que eu não ficava tão faminta na sala de cinema. A última vez em que saí dela e fui direto a um restaurante ou bar foi em 2010, quando assisti Eat, Pray, Love (Comer, Rezar, Amar, EUA, 2010). É impressionante como que Favreau conseguiu nos deixar salivando até mesmo com um misto quente feito na chapa. O foco que ele dá em cada ingrediente e o modo fazer de cada produção é surpreendente. Tanto que eu ia comer açaí após o filme e mudei o cardápio para sanduíche de filé com fritas (e um suco de maracujá com leite pra não ficar gordice em excesso).
No entanto, a discussão de Chef vai muito além de culinária. O roteiro de Favreau fala também sobre família, uma vez que acompanhamos a transformação da relação de Casper com o filho Percy (Emjay Anthony) e a reaproximação com Inez. Antes de deixar seu restaurante, o chef mal tinha tempo para os parentes, pois se dedicava mais às suas criações e a um romance com a colega de trabalho Molly (Scarlett Johansson). Com o novo trabalho, o filho torna-se responsável pelas redes sociais digitais do El Jefe e auxilia o pai na caminhada até a recuperação de seu prestígio profissional, ao mesmo tempo em que constrói com ele fortes laços. A película até serve como uma aula bem básica sobre como usar o Twitter para alavancar sua empresa!
Outro ponto positivo da história é que ela não é nem um pouco fantasiosa; ela é bem real. Não temos vilões ou heróis aqui, mas personagens totalmente pé no chão e que nos convencem de que aquilo ali poderia acontecer em qualquer lugar do mundo. Em outras palavras, temos pessoas com falhas e qualidades, como eu e você, e que querem aproveitar a vida e serem felizes no que fazem. Em um filme clichê, Inez seria a ex-mulher que não sai do pé de Casper e Molly a gostosa recepcionista com quem o protagonista tem um caso, por exemplo. Com Favreau, elas não assumem papéis óbvios e estereotipados. Riva deveria ser um chefe mal e cruel, mas é apenas um homem que não quer assumir riscos e prefere perder o cozinheiro genial e substituí-lo pelo seu braço direito, Tony (Bobby Cannavale).
A maneira que a narrativa desenrola também merece destaque. Leva um tempinho até o trailer tomar forma e a diversão começar de verdade - a breve aparição de Robert Downey Jr. é hilária! -, mas assim que Carl, Percy e o amigo Martin (John Leguizamo) começam a vender seus deliciosos sanduíches e partem de uma jornada de Miami até Los Angeles, não tem como tirar os olhos da telona. A cada cidade que passam e adaptam seus sanduíches à cultura local, conhecemos um novo ingrediente e mais seguidores à comida do chef; contando com você.
Chef é imperdível, seja para crianças, adolescentes, adultos ou idosos. Se bobear, você vai querer montar o seu próprio food truck e sair por aí conquistando o paladar de muita gente. Ah, a trilha sonora acompanha o ritmo contagiante do longa, com direito a um cover de "Sexual Healing" inesquecível.