Imagem: Reprodução/Discover Magazine |
São raras as continuações que superam os filmes anteriores, mas, no caso de Dawn Of The Planet Of The Apes (Planeta dos Macacos: O Confronto, EUA, 2014), temos mais uma exceção. Dando seqüência aos eventos de Rise Of The Planet Of The Apes, de 2011, o filme de Matt Reeves é recheado de efeitos especiais de altíssimo nível, cenas de ação eletrizantes, ótimas performances e algo que me surpreendeu: é bastante sombrio, pra não dizer aterrorizante.
O roteiro se passa dez anos após o longa anterior, com um novo grupo de personagens. Agora, acompanhamos o restante da população humana que sobreviveu na cidade de São Francisco, depois que o vírus criado por cientistas e que permitiu o desenvolvimento dos macacos se alastrou pelo planeta e dizimou milhões de pessoas. Esse grupo vive recluso, até que, em função de uma necessidade de obter energia elétrica, especialistas têm que ir até uma antiga hidrelétrica da cidade e reativá-la. O problema é que ela está bem onde os macacos liderados por Caesar (Andy Serkis) estiveram alojados na última década e isso vai causar um enorme conflito entre eles. Isto porque, de cada lado, existe uma forte resistência ao contato de ambos.
Nos primeiros minutos, o diretor nos contextualiza brevemente sobre o que aconteceu nos anos seguintes ao primeiro filme e corta para um plano fechado nos olhos do protagonista – foco que se repete na última cena da produção. Assistimos, então, a uma disputa dos macacos com um grupo de animais e conhecemos, nos próximos minutos, a espécie de aldeia em que vivem e suas relações pessoais. Temos bastante aprofundamento nesses personagens além de Caesar, principalmente Koba (Toby Kebbell), Maurice (Karin Knoval) e Blue Eyes (Nick Thurston). Depois que finalmente somos introduzidos aos seres humanos.
No longa, somos apresentados à família de Malcolm (Jason Clarke) e Ellie (Keri Russell), imunes ao vírus como o restante da população viva e que são responsáveis por ir até o habitat dos macacos e negociar com eles, de forma pacífica, o uso da hidrelétrica. Se não conseguirem fazer isso, o líder deles, Dreyfus (Gary Oldman), vai começar uma guerra. Da mesma maneira que o diretor mostra em profundidade as cenas familiares dos macacos, ele faz aqui com os indivíduos. Um detalhe é que Will Rodman (James Franco) e Caroline Aranha (Freida Pinto), do filme anterior, não são mencionados no roteiro, então não sabemos se eles morreram ou se vão aparecer no futuro.
É a atenção igualitária de ambos os lados que torna a história da película tão atraente. Vemos os princípios, histórias e motivações de cada grupo e os personagens bondosos e malignos de cada, o que facilmente permite que compreendamos os acontecimentos na telona, inclusive o desfecho. Assim como temos Caesar e Malcolm, dois papéis bastante parecidos no que diz respeito à proteção familiar e busca pela conciliação, temos Koba e Carver (Kirk Acevedo), que são praticamente o oposto. Foi um paralelo interessante de ser feito.
Porém, o que mais me chamou a atenção em Dawn Of The Planet Of The Apes foi o tom sombrio que ele recebeu. Eu realmente me surpreendi, pois esperava algo com uma alta dosagem de ação; jamais imaginei que ficaria com medo ou que me assustaria no cinema com certas atitudes dos personagens. Os roteiristas conseguiram dar uma pitada de terror que contribuiu e muito no resultado final, com destaque para os comandados por Koba, que é a favor de destruir a raça humana por não acreditar em sua bondade e já ter sofrido muito em suas mãos. Algumas partes que eles protagonizam são aterrorizantes, principalmente uma em que vão ao refúgio dos humanos e assassinam dois homens. Combinou bem com o contexto social da película, fazendo-nos sentir dentro dali e daquela enorme tensão.
Juntando o roteiro muito bem desenvolvido, papéis cativantes, um confronto intenso entre as partes e até mesmo entre seus próprios membros, e efeitos especiais extremamente realistas, temos um filme pra nenhum fã da franquia ou do gênero botar defeito. As cenas de ação e diálogos foram bem equilibrados, o que permite que os expectadores sintam um mix variado de emoções. Você vai se identificar com as histórias familiares, ficar nervoso (a) com as batalhas e sentir medo medo dos vilões, especialmente Koba, que é capaz de trair o próprio líder Caesar pra conseguir o que quer. É raro ver uma continuação que seja melhor que o primeiro longa da série, mas isso acontece em Planeta dos Macacos: O Confronto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário