sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Resenha: Interstellar (Interestelar)

Imagem: Reprodução/Christopher Molan

Christopher Nolan gosta de ir além. Ele foi além em Memento (2000), em Inception (2010), na trilogia do Batman e, agora, o britânico foi ainda mais ousado em Interstellar (Interestelar, EUA/Reino Unido, 2014). Talvez esse risco em tentar levar a audiência a um ponto ainda complexo, até mesmo para os cientistas, tenha afastado um pouco o interesse das pessoas em função de sua complexidade, mas não deixa de ser um filme extraordinário, de um cineasta que não cansa de inovar e nos surpreender.

Assim como experienciei em A Origem, não entendi quase nada do longa quando assisti ao trailer. Apenas havia compreendido que a Terra estava em apuros e Cooper (Matthew McConaughey) e Amelia Brand (Anne Hathaway) eram astronautas que embarcariam em uma missão para tentar evitar o pior. Na verdade, é mais ou menos isso. Ambientado em um futuro não especificado, o roteiro nos apresenta um planeta que regressa à agricultura em função da falta de comida e as pessoas são motivadas a serem agricultoras ao invés de outras profissões. Cooper é um ex-piloto da NASA viúvo que é dono de uma fazenda e vive com os filhos Murphy (Mackenzie Foy) e Tom (Timothée Chalamet), além do genro Donald (John Lithgow). Depois que ele e a garota descobrem um código binário que os leva até uma estação da NASA, as vidas deles e dos seres humanos muda completamente: Cooper embarca em uma longa viagem a fim de descobrir um novo planeta, em outra galáxia (através de um buraco de minhoca,) para que a população da Terra o habite no futuro. E, para isso, ele precisa deixar sua família.

Complicado. Muito complicado. Não é tão difícil no nível de termos informações científicas 100% do tempo, daquelas que você não entende absolutamente nada, mas porque a discussão que Nolan faz pode ser pesada demais para o expectador. Podemos ter uma noção básica ou avançada de ciência, mas o diretor fala de viagens para outra galáxia e planetas, tempo e espaço, gravidade e por aí vai. Não é algo simples. No entanto, ele também não exagera nas informações e esquece que existem pessoas leigas em relação ao assunto. É claro que você precisa prestar atenção o tempo todo; isso não é um besteirol, uma comédia romântica ou um drama leve. Isso é ficção científica e do mais alto nível. Só que não é um bicho de sete cabeças e os diálogos entre os personagens esclarecem muitas coisas.

Além disso, o foco de Interestelar não é só discutir possibilidades da ciência, mas os seres humanos. O que o longa faz o tempo todo é mostrar a importância da família e o papel que ela tem em nossas vidas e as relações entre indivíduos. Cooper perdeu a esposa para o câncer e deixou os filhos pra trás nessa jornada que acompanhamos e, no decorrer do roteiro, vemos o piloto sofrer em função da distância dos parentes, do tempo que passa e as coisas que ele perde enquanto está no espaço. Entre elas, temos o crescimento de Murphy e Tom, interpretados na fase adulta por Jessica Chastain e Casey Affleck, respectivamente. Amelia também sofre com a separação do pai, Professor Brand (Michael Caine), mas o foco é no personagem de McConaughey. Da Terra, também vemos, através das mensagens enviadas a Cooper, os sentimentos de seus filhos, especialmente Murphy, que tem um papel chave na história e cuja relação com o pai, mesmo de outra galáxia, vai fazer a diferença no enredo.

Pra quem conhece o cinema de Nolan, já aviso: assim como todos os seus trabalhos anteriores, temos diversas reviravoltas e um final surpreendente e que se encaixa perfeitamente (a trilha sonora é de Hans Zimmer, seu longo parceiro de data nas telonas). É impossível decifrar o filme antes de seu desfecho. Até sua outra metade se desenvolver, você está assim como os personagens: curioso (a) pra saber qual será o destino da humanidade. E mesmo quando temos novas informações em algumas cenas, é uma incógnita saber o que vai acontecer. Por isso que Nolan é um cineasta tão genial; ele não é previsível e nem cliché. Raridade hoje em dia.

O elenco está sensacional, como de se esperar de tantos atores de qualidade. É claro que McConaughey, Hathaway, Foy e Chastain têm mais chances de chamar atenção por causa da relevância de seus papéis, mas os outros não deixam a desejar. Porém, acho que Affleck ficou muito figurante como Tom, pois ele quase que não faz diferença na história, a não ser envelhecer e ficar ranzinza por causa de problemas na família que forma, e Caine envelheceu estranhamente também. Mas é só.

Interestelar não é um crowd-pleaser como a trilogia do Cavaleiro das Trevas ou Inception. Ele vai longe aqui, em um campo que até pesquisadores a especialistas em física não têm conhecimento. O diretor também não é um gênio da área abordada no roteiro, mas isto é uma ficção e ele mostra o seu olhar sobre o que seria o futuro no planeta e dialoga com as possibilidades de planetas habitáveis e comunicação entre passado, presente e futuro. Talvez essa enorme ousadia atrapalhe um pouco a compreensão do expectador, uma vez que não é simples entender tudo isso e pode ter certeza de que você vai ter perguntas quando os créditos começarem a rolar. O fim fica claro, só que dúvidas aparecem. Mas, convenhamos, desde quando isso é ruim?

Em outras palavras, você sai do cinema e reflete, algo que Christopher Nolan sabe provocar como ninguém no público. Não é à toa que ele, aos 44 anos, é um dos artistas mais aclamados do cinema e um excelente contador de histórias. E o mais incrível é que ele jamais retrocede, está sempre criando coisas originais e profundas. Mal posso esperar para a próxima aventura dele (ainda tenho esperanças de vê-lo dirigindo James Bond).








Um comentário:

  1. Achei muito interessante a maneira em que terminou é filme. De forma interessante, o criador optou por inserir uma cena de abertura com personagens novos, o que acaba sendo um choque para o espectador, que esperava reencontrar de cara as queridas crianças. Desde que vi o elenco de Interestelar imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos, Pessoalmente eu irei ver por causo do ator Matthew McConaughey, um ator muito comprometido (pode ver osFilmes Ação 2017 são uma ótima opção para entreter), além disso, acho que ele é muito bonito e de bom estilo.

    ResponderExcluir