Imagem: Reprodução/Movie Will |
Incrível. Se existe uma trilogia que eu amo tanto quanto Before Sunrise, de Richard Linklater, é L'Auberge Espagnole, de Cédric Klapisch. Assisti ao primeiro filme apenas ano passado, mas, depois que vi, apaixonei-me e fui conferir Les Poupées Rousses. Até então, Casse-Tête Chinois (O Enigma Chinês, França, 2013) não havia sido lançado, então você pode imaginar minha ansiedade. Só que a espera acabou ontem e devo dizer que valeu a pena. DEMAIS.
É difícil expressar o que senti quando a introdução genial de Klapisch passou na telona ou quando os créditos começaram a rolar; sou suspeita porque gosto de cada mínimo detalhe desse longa, assim como dos anteriores. Eu simplesmente adoro a abertura original e divertida do diretor, a maneira com que ele nos apresenta os fatos, os diálogos e o elenco. A trilha sonora então, genial. Neste caso, ela é feita pela banda Kranked Unit.
Na terceira parte da história de Xavier (Romain Duris), dez anos se passam desde os acontecimentos de As Bonecas Russas e descobrimos que o protagonista teve dois filhos com a inglesa Wendy (Kelly Reilly) e eles viveram juntos em Paris durante esse tempo. Porém, com a relação desgastada e as brigas, os dois se separam e ela vai pra Nova York em função de seu trabalho como roteirista. Lá, ela encontra outro homem e acaba se mudando permanentemente com as crianças. Xavier, que não consegue ficar longe dos filhos, parte para os Estados Unidos, mas não será fácil ficar lá com seu visto de turista.
Após conversar com um advogado local, Xavier recebe o conselho de casar-se com uma americana e acompanhamos no longa toda sua jornada em busca da escolhida para conseguir sua permanência no país. Mas é claro que muitas coisas ocorrem além disso, como desentendimentos com Wendy na educação de Tom (Pablo Mugnier-Jacob) e Mia (Margaux Mansart), as loucuras de Isabelle (Cécile De France), que também vive em Nova York com a parceira Ju (Sandrine Holt), e algumas vindas de Martine (Audrey Tautou), sua namorada quando jovem e que continua sua amiga após tantos anos.
O título não podia ter sido melhor, já que a vida de Xavier realmente é um "enigma chinês". Filhos, ex-namoradas, mudança de país, busca por uma maneira de ficar nos EUA de forma legal e ainda lidar com os problemas do cotidiano. Não é fácil, mas o roteiro resolve esse problema aos poucos e tudo se resolve no fim. Admito que, desde o início, eu já imaginava o desfecho que a película teve e creio que quem viu as anteriores também vai pensar o mesmo; é inevitável. Porém, é interessante ver como que a trilogia caminhou para isso, com tantos altos e baixos e reviravoltas do personagem principal.
Uma coisa que achei genial é a maneira como Klapisch narra a história, pois não é fácil explicar um espaço de dez anos nas vidas de tanta gente. É claro que temos aqui os destaques da jornada que começou em 2002 na Espanha e depois partiu pra Rússia em 2005. Coadjuvantes como os colegas de Xavier e o irmão de Wendy que não aparecem por motivos óbvios; cada um teve sua vida depois da vida na faculdade e somente as conexões fortes permaneceram. Mas ficaram os essenciais e conseguimos captar a trajetória de todos eles na última década, seja com imagens do passado ou conversas. A exceção talvez seja Martine. Agora, ela tem uma outra filha além de Lucas (Amin Djakliou), mas a figura do pai é desconhecida e o que aconteceu na vida dela é pouco contextualizado também. Senti falta de mais detalhes, apesar disso não atrapalhar o êxito do roteiro.
Enfim, como não gostar de Casse-Tête Chinois e suas aventuras eletrizantes e bizarras? Ele é bem escrito, desenvolvido e hilário...é difícil fazer alguma crítica negativa. Trata-se de uma saga agradável e quantos adjetivos forem necessários pra elucidar isso. Foi uma delícia acompanhar a jornada de Xavier desde o jovem inexperiente e ingênuo que ele era em Albergue Espanhol, passando pelo mais maduro escritor em Bonecas Russas e finalizando com o pai determinado de Enigma Chinês. E os atores então, geniais! Duris, Reilly, Tautou, De France estão sensacionais e dão vida aos seus personagens de maneira convincente, natural e com uma química que poucos conseguem manter após tantos anos separados.
Se tem uma franquia que deu certo em todos os sentidos é a de Klapisch. Definitivamente pode juntar-se a Linklater nessa conquista. C'est super!
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