domingo, 9 de março de 2014

Resenha: Non-Stop

Imagem: Reprodução/Salon

Adoro Liam Nesson. Apesar do talento dele ser apenas explorado bastante em filmes de ação, com algumas raríssimas exceções em Love Actually (2003), Kinsey (2004) e Chloe (2009), por exemplo, o britânico é o tipo de artista que faz qualquer tipo de papel que lhe é oferecido. Porém, vendo Non-Stop (Sem Escalas, EUA/França, 2013), temos a prova de que Neeson é, inegavelmente, um dos melhores atores do gênero.


Dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra, o suspense é sobre o Marechal do Ar, Bill Marks (Neeson), que, em uma viagem de Nova York para Londres, encontra um problema assustador em pleno oceano Atlântico: alguém invade a linha de seu celular – os textos aparecem em português na tela do aparelho! - e ameaça matar uma pessoa do avião a cada 20 minutos se ele não transferir 150 milhões de dólares para uma conta específica. Para piorar a situação, tal conta está em nome de Marks, o que coloca ele como principal suspeito e mostra que pode ter mais coisas por trás do dinheiro exigido. A fim de tentar resolver o desafio em pleno céu e evitar que todos sejam mortos até o destino final, ele conta com a ajuda de Jen (Julianne Moore) e da tripulação, principalmente da comissária de bordo Nancy (Michelle Dockery).

Vou ser sincera: o tempo voa durante Non-Stop. Voa porque tem ação o tempo todo; a cada 20 minutos que passam e alguém morre, você fica cada vez mais angustiado e intrigado e compartilha tal nervosismo e dúvida junto do protagonista, muitíssimo bem interpretado por Neeson. Ao ver o trailer, você pensa: como que alguém consegue matar pessoas dentro de um avião sem ninguém ver? Mas o roteiro desenvolve isso bem e nos apresenta uma história e acontecimentos convincentes na maior parte da película.

O que mais gostei aqui foi a discussão que o longa traz sobre o 11 de setembro e até mesmo uma crítica à guerra contra o terrorismo e o preconceito contra islâmicos, uma vez que temos um passageiro do Oriente Médio e muitos olham ele com desconfiança. Não quero dar muitos spoilers sobre o vilão, mas ele que aparece com força para falar sobre a questão da segurança nos Estados Unidos e da guerra que não trouxe muitas mudanças nesse quesito, e, mesmo com pouco tempo para expor seus motivos – não tem como ele contar sua história em meio a tudo que acontece na telona, é óbvio -, foi um motivo interessante e plausível. E não, não tem como você descobrir o personagem responsável por aquilo tudo antes das cenas finais, o que também é bom para o suspense. Durante várias partes, Serra coloca outros como suspeitos, para não dar pistas do verdadeiro autor.

É claro que temos os clichés clássicos de produções do gênero, como um personagem principal com um passado pessoal complexo, quase que imortal e com habilidades cabulosas com armas – Neeson é a versão européia de Tom Cruise do cinema -, e um fim previsível, pois é difícil vermos heróis que não conseguem salvar todos. Alguns momentos são bem sacados, como de praxe, que o diga o confronto final entre Marks e o vilão e o último momento do avião no ar. São aquelas partes em que você pensa: “Senta lá, Cláudia”. As turbulências que ocorrem para atrapalhar a investigação do marechal são clássicas de longas de ação também, o que reforça que o formato de Non-Stop não fogem da fórmula do gênero. Mas pra quem já viu as produções estreladas por Neeson, com destaque para a série Taken, e outras de ação, sabe que os heróis fazem coisas quase que impossíveis. Só que os fãs gostam disso, dá mais emoção, e aquele mundo é fictício, ou seja, tudo é possível na sétima arte; não dá pra ficar reclamando demais porque é uma obra de ficção (tudo tem limites, é claro, mas aqui eles não são ultrapassados com excessividade).

O que faz de Non-Stop um filme imperdível é sua alta dose de adrenalina. Somos envolvidos naquela angústia para ver quem vai morrer a cada 20 minutos e como, e o roteiro é bem elaborado e desenvolvido. Os personagens coadjuvantes são bem inseridos na história e têm papéis importantes ali, além de Marks. Chamo atenção para o fato de que Lupita Nyong’o, recentemente vencedora do Oscar, SAG e Globo de Ouro, está no elenco como a comissária Gwen, só que sua aparição é bastante apagada. Fiquei até chocada porque sabemos de seu enorme talento, mas os roteiristas não deram espaço para ela no longa; ela é quase que figurante ao lado dos outros passageiros. Um desperdício.

Enfim, Non-Stop é mais um filme que destaca as habilidades de Liam Neeson como protagonista de histórias recheadas de intrigas, emoções e lutas. Ele que rouba a cena nessa aventura eletrizante comandada por Serra, a qual eu recomendo para fãs do gênero.











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