domingo, 23 de março de 2014

Resenha: Veronica Mars

Imagem: Reprodução/Cinema News 2

Estava com saudades de Veronica Mars? Bom, posso dizer que você vai matá-la no filme da popular personagem. Lançado pela Warner Bros e com financiamento forte dos fãs – eles doaram cerca de $ 5,7 milhões para a produção -, o longa traz de volta a protagonista que deixou saudades com o fim da série em 2007. Quem investiu dinheiro no Kickstarter definitivamente não vai se arrepender do que fez.

Dirigido por Rob Thomas, o roteiro se passa nove anos após os eventos da terceira e última temporada do programa, com uma Veronica (Kristen Bell) aparentemente bem diferente daquela que conhecemos. Ela vive em Nova York com o namorado Piz (Chris Lowell), onde concorre para uma vaga como advogada em uma das maiores firmas de direito do mundo. Sim, seus trabalhos como detetive foram interrompidos quando ela se transferiu para a Universidade de Stanford e ela, desde então, tenta levar uma vida mais saudável com amigos e namorados fora daquele perigoso mundo. No entanto, tudo muda quando Logan (Jason Dohring) liga para ela pedindo ajuda, pois ele é acusado de ter assassinado sua namorada e ex-colega de colégio, Carrie Bishop (Andrea Estella, que substituiu o papel originalmente interpretado por Leighton Meester).

O dever chama e isso é mais forte que a protagonista. Apesar de ter amadurecido e querer seguir em frente com a vida, Mars se vê de volta a Neptune, Califórnia, e não consegue mais sair de lá. O que era para ter sido um fim de semana de visita a Logan e o pai (Enrico Colantoni), acaba tornando-se semanas na busca pela resolução do crime. E sim, todo o sarcasmo, ousadia e esperteza da carismática personagem estão lá para matar o desejo dos fãs do seriado. Você percebe que, mesmo com o longo tempo afastada da função, ela não está nem um pouco enferrujada e todas as suas artimanhas continuam firmes e fortes, assim como a lealdade dos amigos Mac (Tina Majorino) e Wallace (Percy Daggs III).

Outros rostos familiares também voltaram, como o babaca Dick (Ryan Hansen), Gia Goodman (Krysten Ritter), Weevil (Francis Capra), Leo D’amato (Max Greenfield) e Vinnie Van Dowe (Ken Marino), além de aparições de James Franco – zoado, como de se esperar –, Justin Long e Dax Shepard, marido de Bell na vida real. É uma boa dose de nostalgia, devo dizer. Tem até direito a soco na cara da patricinha Madison (Amanda Noret)! Tinha que ter, né?

Não se preocupe se esqueceu um pouco da série, pois o diretor Rob Thomas faz o favor de recapitular, rapidamente, a história da protagonista nos primeiros minutos. Depois, é como assistir ao seriado exibido durante três anos. Obviamente, o que teria acontecido em uma temporada foi exposto em duas horas, mas não é nada forçado. Pra quem conhece, sabe que Mars tem uma capacidade de raciocínio enorme e liga os fatos de maneira bastante eficiente. Ou seja, a resolução de quem realmente matou Bishop é bem plausível.

Algumas das maneiras com que a detetive faz isso podem ser, digamos, “senta lá, Cláudia”. Por exemplo, ela finge ser uma repórter espanhola para arrancar dados mega confidenciais do corrupto xerife Dan Lamb (Jerry O’Connell) e ele lhe fornece tudo pelo telefone, sem mesmo checar se era ela de verdade falando. Oi? Ou quando ela invade a casa de uma suspeita, fingindo ser da produção de um filme do Clint Eastwood, para ver se encontra provas e consegue enrolar um policial de maneira bem estúpida. E Logan, figurinha marcada nas colunas fofoca e acusado de assassinato, sai para balada e até para a reunião de dez anos do Neptune High, quando devia ficar em casa a fim de evitar transtornos. Enfim, coisas que uma pessoa no lugar dele não faria.

Porém, esses detalhes nós relevamos porque o mundo de Veronica Mars permite; não é uma história que estampa a realidade nua e crua diante de nossos olhos. Thomas, que também é criador da série, fez um filme divertido, fiel e contou com um elenco que soube interpretar com perfeição os personagens que deram vida pela última vez há sete anos. Felizmente, praticamente todos têm um papel importante na história, sejam eles papéis-chave ou que contribuem para encaixar as peças do quebra-cabeça. Se tem uma coisa que eu detesto é ver gente ser desperdiçada, especialmente em adaptações de obras já feitas; aqui isso não acontece.

E a mensagem que fica não deixa de ser interessante: não podemos fugir de quem somos na verdade. Por mais que tentemos ser outras pessoas, nosso verdadeiro eu sempre estará conosco e um dia pode voltar. É o que acontece com Veronica Mars durante o longa.










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