domingo, 25 de maio de 2014

Resenha: Godzilla

Imagem: Reprodução/ScreenSlam

Admito que nunca me senti atraída pelo Godzilla. Resolvi assistir à nova adaptação do gigante dos mares porque o trailer me chamou a atenção e até deu certo medo com suas cenas de soldados pulando de pára-quedas em meio ao caos. Após sair da sala do cinema, não saí nem um pouco impressionada, mas foi uma aventura eletrizante.

Primeiramente, aviso pra quem for fã de Bryan Cranston e Julliette Binoche que os papéis dos dois são bem pequenos. A francesa aparece somente no começo, enquanto a estrela de Breaking Bad tem uma participação similar à de Anne Hathaway em Les Misérables. O foco do roteiro de Max Borenstein é na família de Ford Brody (Aaron Taylor-Johnson), filho de Joe e Sandra, interpretados pelos dois. O jovem possui uma esposa (Elizabeth Olsen) e um filho pequeno e essa relação é sutilmente explorada durante o longa, já que o predomínio são cenas de ação.

Na produção dirigida por Gareth Edwards, temos uma versão, digamos, mais boazinha do protagonista, chamado de Gojira pelos cientistas Dr. Ishiro Serizawa (Ken Watanabe) e Vivienne Graham (Sally Hawkins) e Godzilla pelo exército americano (como de praxe, os Estados Unidos que tentam salvar o dia, mesmo que de maneira arrogante, enquanto os países asiáticos só são vítimas). Tem destruição, esmagamentos, tsunamis e outras mortes do tipo, mas o monstro tem um papel favorável diante dos seres humanos. Nesta história, ele reaparece do fundo do mar para destruir dois MUTOS que tentam se encontrar para reproduzir e no meio do caminho vão causando estragos em tudo que vêm pela frente. Os vilões haviam se separado depois que um deles, o macho, nasceu, fugiu e se alimentava de reatores enquanto aguardava o desenvolvimento da fêmea. Os EUA tentam intervir nessa batalha de gigantes, mas acaba que o papel da força bélica do país torna-se bem pequeno e a única solução é deixar o trio se matar no meio da população americana.

É por isso que é um tanto quanto estranho perceber que, apesar do Godzilla ter uma função primordial no filme, ele só aparece na telona depois de mais de uma hora de projeção. Antes disso, apenas vemos alguns registros do animal em gravações antigas do governo americano e explicações sobre o que é aquilo tudo que estamos vendo. No entanto, gostei do fato do roteiro dar espaço para explorar a vida pessoal de Ford nessa primeira parte sem o animal gigante, com algumas cenas em que vemos seu lado paterno e marital falar mais alto. São poucas cenas, mas foi uma dose dramática boa e não ficou só aquele tanto de tiro e explosão sem um conteúdo interessante por trás. Acho só que as participações de Binoche e Cranston poderiam ter sido maiores; não só pelo talento que eles têm, sendo um enorme desperdício não utilizá-los mais, mas pelo fato de que seus personagens poderiam ter contribuído para esse lado mais emocional da história.

Outra coisa que deixou a desejar foram detalhes bizarros presentes em algumas cenas específicas. Você vê, por exemplo, uma equipe de soldados avançar em um lugar, encontrar uma porta fechada, abri-la e aparecer um novo cenário do nada, ou a cidade inteira ficar sem energia e o personagem principal conseguir ligar um barco mesmo assim. Oi? Sem contar aquelas típicas sequências de filmes de ação, nas quais o herói faz algo que poderia ter feito há muito tempo, mas só resolve fazê-lo no fim. Sem contar aqueles reencontros familiares clássicos após batalhas, clichê básico de filmes de ação. E o fato de que todo lugar que o protagonista vai coincidentemente acontece algum desastre e ele tem que salvar alguém? Tenho preguiça disso às vezes.

Godzilla segue a tradição de filmes de ação sem trazer nada novo. Talvez a coisa mais legal da direção tenha sido a cena em que ficamos dentro do capacete de Ford enquanto ele salta do avião rumo ao caos da luta do animal contra os Mutos. Junto da trilha um pouco macabra, contribui para nos inserir naquela atmosfera de medo e aventura. Algumas cenas em que acompanhamos o rapaz e ele acaba encontrando os Mutos também foram muito bem desenvolvidas e nos deixam bastantes aflitos na cadeira.

De modo geral, a nova adaptação do monstro japonês é extremamente bem feita e merece elogios por seus efeitos especiais e elenco. Johnson e Olsen estão muito bem como o casal protagonista, enquanto os coadjuvantes também interpretam muito bem seus personagens. Ah, Hawkins e Watanabe são outros que não são devidamente explorados, mas pelo menos aparecem mais que os desperdiçados Binoche e Cranston. Recomendo a sessão no fim das contas. O Godzilla até sorri se você prestar atenção em um de seus últimos momentos. Ficou simpático.












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