Imagem: Reprodução/Facebook Oficial Festival de Cannes |
O Festival de Cannes anunciou agora há pouco os vencedores de sua competição oficial. Após dez dias de evento, o júri comandado por Jane Campion (Bright Star, The Piano) anunciou os grandes vencedores de sua 67ª edição e a Palma de Ouro foi para Winter Sleep.
O drama é dirigido por Nuri Bilge Ceylan, cineasta turco que conta com passagens bastantes marcantes pela costa francesa. Longas dele como Bir zamanlar Anadolu'da, Üç maymun e Iklimler já foram premiados por lá, mas nunca com a Palma de Ouro. Foi com o roteiro de Kis Uykusu (título original) que ele conquistou o júri de Campion em 2014. Ele conta a história de Aydin, ex-ator que tem um pequeno hotel em Anatolia junto da esposa e a irmã que recentemente se divorciou. Durante o inverno, as coisas mudam e os rancores surgem, levando o proprietário do local a querer partir.
Apesar de sempre ficar um mistério em torno do vencedor do prêmio principal, muitos já apontavam Winter Sleep como um dos favoritos. Na realidade, os prêmios dados a Mommy, Adieu Au Langage, Mr. Turner e Leviafan já eram esperados, principalmente em função da recepção dos mesmos. Todos foram, de forma geral, aclamados pela crítica e público. Os longas de Xavier Dolan e Jean-Luc Godard chegaram a empatar no Prêmio do Júri, só pra constar.
Talvez a maior surpresa da cerimônia de encerramento tenha sido a esnobação de Deux Jours, Une Nuit, dos irmãos Dardenne. Em toda sua carreira, os belgas jamais participaram de Cannes sem ganhar algum prêmio, mas tudo tem sua primeira vez, né? Apesar das diversas críticas positivas e até mesmo de especialistas sugerindo não só a Palma de Ouro, como também a recompensa de interpretação feminina à Marion Cotillard, o drama saiu de mãos vazias. A francesa de 38 anos, que em 2012 e 2013 havia sido extremamente elogiada por seus papéis em De Rouille Et D'Os e The Immigrant, viu-se ignorada pela terceira vez consecutiva. No entanto, Jullianne Moore foi bastante ovacionada por sua performance no polêmico Maps To The Stars, então não diria que foi uma injustiça com Cotillard.
Outras surpresas foram o prêmio de melhor diretor para Bennett Miller, por Foxcatcher, e o Grande Prêmio do Júri para Le Meraviglie. Ambos foram bem recebidos, mas Sils Maria, Relatos Salvajes e Timbuktu eram nomes mais fortes, com base no que li.
Porém, um dos maiores destaques deste ano foi, sem dúvidas, Dolan. Aos 25 anos, o canadense recebeu seu quinto prêmio no festival com Mommy. Antes deste, o jovem diretor já havia sido aclamado internacionalmente por Laurence Anyways, Les Amours Imaginaires e J'ai Tué Ma Mère. Pode ter certeza que, se nessa idade ele já traz uma carreira impressionante, imagine quando mais velho. Vamos ficar de olho no rapaz!
Party Girl, que abriu a seção paralela Un Certain Regard, também brilhou na croisette, levando a Camera D'Or e o Prix D'Ensemble. O filme conta a história de uma mulher de 60 anos que ainda ama festas e a vida noturna de um cabaret na divisa com a Alemanha. Tudo muda quando um de seus clientes fixos, apaixonado por ela, resolve pedi-la em casamento.
Party Girl, que abriu a seção paralela Un Certain Regard, também brilhou na croisette, levando a Camera D'Or e o Prix D'Ensemble. O filme conta a história de uma mulher de 60 anos que ainda ama festas e a vida noturna de um cabaret na divisa com a Alemanha. Tudo muda quando um de seus clientes fixos, apaixonado por ela, resolve pedi-la em casamento.
As maiores decepções? Bom, nem tudo são flores. Cannes foi palco de grandes filmes, mas também teve seleções que ou desagradaram ou simplesmente passaram batido, sem muita repercussão. Entre elas, temos Captives, Jimmy's Hall, The Homesman, Saint Laurent, L'Homme Qu'On Aimait Trop e, é claro, Grace de Monaco. O novo filme de Olivier Dahan (La Môme) foi muito mal recebido e protagonizou talvez uma das aberturas mais fracas do festival. Lost River, primeiro filme de Ryan Gosling, também não agradou.
Cannes provou, mais uma vez, que ainda pode nos surpreender com seus resultados. Seja agradando ou desagradando com suas escolhas, o evento francês continua imprevisível. Lembrando que a cineasta Jane Campion contou com Carole Bouquet, Sofia Coppola, Leila Hatami, Jeon Do-yeon, Willem Dafoe, Gael Garcia Bernal, Jia Zhangke e Nicolas Winding Refn em seu júri.
Confira abaixo a lista completa de premiados:
Palme d'or
Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan
Grand Prix
Le Meraviglie, de Alice Rohrwacher
Prix de la mise en scène
Bennett Miller, por Foxcatcher
Prix du Jury ex-aequo
Mommy, de Xavier Dolan
Adieu Au Langage, de Jean-Luc Godard
Prix du scenario
Andrey Zvyagintsev e Oleg Negin, por Leviathan
Prix d'interprétation féminine
Julianne Moore, em Maps To The Stars, de David Cronenberg
Prix d'interprétation masculine
Timothy Spall, em Mr. Tuener, de Mike Leigh
CURTAS
Palme d'or
Leidi, de Simón Mesa Soto
Mention spéciale ex-aequo
Aïssa, de Clément Trehin-Lalanne
Ja Vi Elsker (Yes we love), de Hallvar Witzø
UN CERTAIN REGARD
Prix Un Certain Regard
Fehér Isten, de Kornél Mundruczó
Prix du Jury
Turist, de Ruben Östlund
Prix special du Certain Regard
The Salt Of The Earth, de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado
Prix d'ensemble
Party Girl, de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis
Prix du meilleur acteur
David Gulpilil, por Charlie's Country, de Rolf de Heer
CAMÉRA D’OR
Party Girl, de Marie Amachoukeli, Claire Burger e Samuel Theis, presente na seleção do Un Certain Regard
CINÉFONDATION
Premier Prix
Skunk, de Annie Silverstein, da University Of Texas, EUA
Deuxième Prix
Oh Lucy!, de Atsuko Hirayanagi, da NYU Tisch School of the Arts Asia, Singapura
Troisième Prix ex aequo
Lievito Madre, de Fulvio Risuleo, do Centro Sperimentale di Cinematografia, Itália
The Bigger Picture, de Daisy Jacobs, do National Film and Televison School, Reino Unido
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