Imagem: Reprodução/Film Equals |
Tenho que admitir, antes de tudo, que não estava nem um pouco empolgada para ver I, Frankenstein (Frankenstein: Entre Anjos e Demônios, 2014). Desde que li sobre o projeto, fiquei com um pé atrás e somente animei de novo ao ver o trailer. Porém, após sua estreia em outros países, vi que a recepção da crítica e dos expectadores havia sido bem fria, então voltei a não ter grandes expectativas. Após assistir à adaptação da graphic novel de Kevin Grevioux, cheguei à conclusão de que tinha razão desde o começo.
O roteiro, também escrito pelo autor dos quadrinhos, começa nos apresentando brevemente a história de Victor Frankenstein, passando pela construção da sua criatura, o abandono da mesma, o assassinato de Elizabeth e, enfim, a morte do cientista. Porém, algumas coisas são diferentes da história mundialmente conhecida, especialmente o físico do “monstro”, o fato dele ter encontrado o corpo congelado de Frankenstein e uma diversidade de personagens novos, incluindo outros cientistas, gárgulas e demônios. Porém, isso não é problema nenhum, afinal, é uma ficção que se baseou na obra clássica de Mary Shelley, inclui muitas informações da mesma, mas seguiu seu próprio caminho. Eu achei a ideia bem legal, por sinal.
Do início ao fim, somos bombardeados de lutas entre gárgulas e demônios, estes comandados pelo maléfico Nefarius (Bill Nighy), que deseja ter em mãos o diário de Frankenstein e encontrar a fórmula dele para trazer de volta do inferno demônios antes destruídos por anjos. Pra ser sincera, achei a história criativa e bastante atraente e os efeitos especiais são muito bons, assim como as performances do elenco, que ainda inclui Aaron Eckhart (Adam/criatura), Terra (Yvonne Strahovski), Leonore (Miranda Otto) e Jai Courtney (Gideon).
O que prejudica essa produção é o desenvolvimento do roteiro. Primeiramente, vemos a criatura, chamada de Adam pela rainha gárgula Leonore, afastar-se por séculos da civilização e depois retornar à cidade onde os anjos estão presentes. O diretor Stuart Beattie mostra o medo dos seres humanos diante da criação de Frankenstein e até uma briga dela com um demônio em um beco próximo à uma boate local, que resulta na morte de um policial. Até aí tudo bem. Só que, depois disso, vemos batalhas barulhentas, cheias de explosões e destruições, e nenhum cidadão parece notar. Oi? O mundo quase acabando e ninguém se mobiliza ou tenta fugir dali?
Outro ponto são os personagens. O único ali que ganhou certo aprofundamento foi o protagonista, enquanto os demais apenas são introduzidos e nunca têm a chance de nos mostrar de onde vieram e como realmente são. Terra, por exemplo, é uma cientista que trabalha para Nefarius, disfarçado como Charles Wessex, mas apenas a vemos como uma mulher extremamente inteligente e que é um possível par romântico da criatura (felizmente, não colocaram cenas de beijo entre eles); e só. O pior é que ela se vê envolvida em uma briga que ameaça a humanidade e Adam joga todas as informações em cima dela como se fosse a coisa mais simples do mundo. Tudo bem que a luta acontece rápido demais e ele não tem tempo de sentar em um bar e lhe contar tudo, mas ficou muito bizarro.
O vilão, por sua vez, foi mal trabalhado pelos roteiristas e revelado cedo demais ao público. Desde o início, sabemos que Wessex é o Príncipe Nefarius, algo que podia ter sido contado a nós na metade do filme ou até mesmo na parte final. Revelar o antagonista dessa forma estraga tudo, sério. Além disso, ele tem uma batalha bem decepcionante com Adam no clímax da película. Eu esperava mais ação ali.
Realmente é uma pena ver uma história com tanto potencial ser mal explorada e ter sérios problemas de desenvolvimento. Isto porque o elenco é de altíssimo nível, os efeitos visuais são muito bem feitos e o cenário sombrio é adequado a tudo isso. As cenas de ação também merecem destaque, pois são eletrizantes e impressionantes, especialmente uma em que vemos milhares de demônios irem em direção ao refúgio das gárgulas, onde as anotações de Frankenstein estão guardadas. O pior é que o desfecho é muito mal explicado e ainda não é definitivo, deixando em aberto para novas aventuras do protagonista; com base na bilheteria do longa, isso não vai acontecer.
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