Imagem: Reprodução/Cinema Com Recheio |
Ao ver Philomena (Philomena, Reino Unido, 2013), é difícil de acreditar que Philomena Lee (Judi Dench) passou por tudo aquilo que vemos na telona. É claro que, como qualquer adaptação, o roteiro de Steve Coogan e Jeff Pope altera algumas coisas e acrescenta outras, mas, neste caso, não é nada que prejudique a história real da verdadeira protagonista. Especialmente porque o longa é baseado no livro "The Lost Child Of Philomena Lee", escrito pelo jornalista que acompanhou a mulher em sua longa busca pelo filho desaparecido.
Resumindo a história, temos uma jovem garota (Sophie Kennedy Clark) que engravida na década de 1950 e, como de se esperar, foi motivo de vergonha e crítica, sendo enviada pelo pai ao convento Sean Ross Abbey, na Irlanda. Lá, ela trabalhou duro por vários anos, via o filho apenas uma hora por dia e ainda presenciou a cena em que ele é levado embora por um casal norte-americano. Meio século depois, ela resolve contar o segredo à filha e conta com a ajuda de um jornalista recentemente desempregado na busca pelo filho perdido. Tal homem é Martin Sixsmith (Coogan), ex-funcionário do governo britânico, que deixou o cargo após muita polêmica.
Obviamente, diálogos foram inventados, cenas que não existiram também – a cena final do convento, o fato de Jane Lee, filha de Philomena, ser garçonete -, mas nada que, a meu ver, atrapalhe a história. Alguns críticos chegaram a escrever que a película é anti-católica por colocar as freiras como vilãs e criticar a conduta das mesmas com a protagonista, mas isso foi um exagero. Se tem uma coisa que a mulher faz em todo o filme e também já o confirmou na vida real, é que ela é católica, acredita em Deus e não guarda ódio de ninguém. Não tem nada que coloca o catolicismo como algo ruim no roteiro da adaptação; na verdade, a personagem reforça em diversos momentos da produção a força de sua fé e a crença da existência de Deus. Além disso, o foco do roteiro é o sofrimento de Philomena nos 50 anos em que ficou sem saber absolutamente nada do filho e a determinação em encontrá-lo, algo que levou vários anos.
Tudo bem que o filme praticamente mostra o lado, digamos, cruel das freiras – a cena do parto e da partida de Anthony são de doer o coração -, mas foram elas que tiraram a criança de Philomena e impediram que os dois se reencontrassem em todas aquelas décadas. Se tem mais coisa ali, não sei; provavelmente. Porém, como já disse no início desta resenha, o longa é baseado no livro de Sixsmith e ele só teve acesso ao lado negativo que o convento teve na vida de Philomena. E, convenhamos, o que a entidade fez foi, sim, bastante ruim. Afinal, entregar para adoção o filho de outra pessoa, sem a permissão dela, não é certo. Sei que tem todo um contexto histórico e social daquela época conservadora, mas aquilo não deixa de ser errado.
Enfim, o que faz do longa de Frears tão especial? Bom, a maneira que ele narra a história, indo e voltando ao passado várias vezes e inserindo vídeos do filho perdido para vermos sua vida pessoal e profissional. Isto ajudou bastante na parte emocional. Por outro lado, mesmo sendo um roteiro triste e comovente, temos muitas cenas cômicas, tanto em função da personalidade arrogante, severa e ousada de Sixsmith, quanto em função do jeito doce, tagarela e engraçado de Philomena. O humor britânico funciona bem aqui, principalmente por causa de personagens tão opostos.
Em relação às performances, Dench está fenomenal no papel principal, pois transmite com primazia a dor e determinação da personagem e certamente vai tocar e conquistar você ao assistir à película. A atuação de Coogan não tem nada de marcante - Dench rouba a cena -, mas ele interpreta bem o jornalista que acompanha a idosa na busca pelo filho. E a química entre os dois...bem, sensacional! Favor conferir.
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