terça-feira, 7 de janeiro de 2014

RESENHA: LA GRANDE BELLEZZA

Imagem: Reprodução/Out Now

O único filme italiano que eu havia visto até pouco tempo era Cinema Paradiso (1988). Na última semana de 2013, resolvi assistir La Grande Bellezza, um dos filmes mais badalados do ano e que tem grandes chances de aparecer entre os indicados do Oscar em 2014. Quando li sobre sua estreia em Cannes, não me empolguei muito, especialmente porque outros filmes se sobressaíram mais por lá, como La Vie D’Adèle e Inside Llewyn Davis. Foi só há poucas semanas que resolvi conferir o longa, em função de seus vários prêmios, indicações e elogios do público. Realmente, é um filmaço.

Do início ao fim, a película de Paolo Sorrentino é de uma beleza rara. São poucos os filmes que chamam minha atenção no quesito fotografia e direção, pois a maioria dos cineastas segue um padrão de planos e ângulos e não nos impressiona com as imagens que produzem. Aqui, o italiano conquista principalmente por causa da maneira com que narra a história de Gep Gambardella (Toni Servillo), um escritor que vive em Roma há várias décadas e que leva uma vida de festas e mais festas desde a publicação de seu único livro, que lhe rendeu bastante sucesso quando tinha seus 20 e poucos anos. Porém, pouco tempo depois de celebrar seus 65 anos, ele recebe a notícia da morte de um antigo amor e isso causa um enorme impacto em sua vida. É uma jornada recheada de belíssimas imagens de pontos turísticos, ruas, pessoas, casas e boates; o cineasta captou cada cenário e olhar com uma delicadeza e preocupação visual que poucos colegas de profissão têm.

Esse é apenas um resumo do resumo porque La Grande Bellezza é muito mais do que um roteiro sobre um escritor famoso que é afetado pela perda de um amor da juventude. Sorrentino discute em profundidade a morte, a ambição, o orgulho, a raiva, a depressão e, sobretudo, a beleza. A Roma que vemos aqui traz o Coliseu – a casa de Gep é localizada em frente ao monumento histórico -, as diversas fontes da cidade, arquitetura ilustre e a selvagem vida noturna de sua população. Pode ter certeza de que você não irá ver a cidade da mesma forma que antes.

E tudo isso junto de uma trilha sonora impecável e multilíngüe – inglês, espanhol, italiano -, que complementa a nostálgica e comovente viagem de Gep com perfeição. O diretor soube selecionar muito bem hits de Djs como Gui Boratto e Sinclair, além de composições orquestrais magníficas. A que mais de destaca na narrativa é a emocionante The Beatitudes, do Kronos Quartet, utilizada em várias cenas.

Se Servillo está fenomenal como o protagonista sensível, inteligente e um tanto quanto solitário que é Gambardella, os demais personagens também foram muito bem elaborados e interpretados, com papéis bastantes significativos no roteiro. Seja aparecendo em uma cena ou outra como Stefania (Galatea Ranzi) e Andrea (Luca Marinelli), seja com uma presença maior como Dadina (Giovanna Vignola), Romano (Carlo Verdone) e Ramona (Sabrina Ferilli), eles entram e saem da vida de Gep durante o filme e sempre dão uma forma de nos ensinar mais sobre o personagem principal e algumas lições de vida. A conexão entre eles ajuda a construir e concluir a história da produção.

La Grande Bellezza é, sem dúvidas, um dos filmes mais fascinantes de 2013. Aconselho qualquer fã da sétima arte a assisti-lo, pois ele vai lhe emocionar com sua fotografia, música e história. Sem os ângulos magníficos de Sorrentino, o longa teria sido como qualquer outro drama. Sem o roteiro rico e bem desenvolvido, as belas imagens não adiantariam de nada. Sem a trilha sonora, não nos comoveríamos da mesma maneira. O que é a grande beleza que está no título? Rá, acha que vou contar? Veja pra conferir!



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